segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A MIDIA A SERVIÇO DE QUEM?

A MIDIA A SERVIÇO DE QUEM?

Para que serve a mídia?
Para informar. Mas já faz algum tempo que cultivo cá com meus botões uma suspeita: a de que alguns articulistas, economistas, jornalistas, não são funcionários das empresas a qual pensamos que eles trabalham, nem donos das consultorias que levam seus nomes, mas funcionários do Departamento de Estado norte americano, tal é a paixão com que defendem qualquer idéia ou ação, mesmo as mais cruéis, do país Iankee.
Mas parece que a coisa é pior do que eu pensava. Isso porque a impressão que tenho agora é que as empresas de mídia: jornal, rádio, revista e televisão, é que são propriedades do órgão de espionagem norte americano. O que, se confirmado, me parece muito grave. Porque a pretexto de informar, o que essas empresas fazem mesmo é propaganda nociva para a maioria dos brasileiros que, mal informados que somos, abraçamos de boa fé. O que caracteriza crime de lesa pátria, ou no popular, traição mesmo.
Quais seriam as razões de tais suspeitas?
As razões são inúmeras. Mas aquela visível a olho nu é a postura adotada por esses órgãos de informação frente aos governos nas duas últimas décadas. Frente aos dois governos da coalizão PSDB, DEM, PMDB e outros sócios menores, subservientes ao “Império americano”, a postura era de simpatia, diria até de total adesão. Os chamados “mal feitos” até que eram denunciados em alguns órgãos de imprensa, mas como a coalizão defendia as idéias do “Império”, esses “mal feitos” eram vistos como coisas menores, necessárias até para o sucesso do projeto, que, frise-se, não visava ao bem estar dos brasileiros, mas aos interesses do sistema financeiro internacional, particularmente, ao chamado “Consenso de Washington”. Ou seja, exemplo clássico de que os fins justificam os meios. Com o detalhe que os fins aqui não eram servir a nosso país, mas ao “Império”.
Entretanto, a postura frente aos dois governos, de coalizão parecida liderada pelo PT, anteriores e ao governo atual, menos dóceis ao “Império”, as coisas mudaram como que da água pro vinho. Os “mal feitos” agora, além de denunciados, vêm acompanhados já da condenação, pois as cabeças dos “acusados”são exigidas em editoriais, matérias opinativas, entrevistas tendenciosas,etc., mesmo que nenhuma prova contra essas pessoas seja apresentada, invertendo assim a proposição constitucional de que o ônus da prova cabe ao acusador.
A situação aqui ultrapassa os limites da estranheza, pois os Sarney, Barbalho, Renan, etc., que participavam do consórcio do Poder, nunca foram importunados nos dois governos “demo tucano”. De repente, participando nos governos PT, PMDB, foram rebaixados à condição de marginais. Até problemas de cunho intimo familiar, que não deveriam fazer parte do noticiário político, foram revelados só porque participaram e apoiaram uma coalizão não muito favorável ao “Império”. Alguma coisa cheira mal no comportamento da mídia.
Este estalo despertou-me a algumas semanas atrás quando do lançamento do livro “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que denuncia, com muitas provas documentais, as bandalheiras que enriqueceram, ilicitamente, muitos tucanos quando as empresas estatais, propriedade do povo, foram privatizadas – ou doadas? Surpreendentemente, o chamado jornalismo investigativo não dedicou uma linha sequer sobre a verdadeira “montanha” de denúncias contidas no livro que seriam suficientes para justificar o pomposo título adotado por esses órgãos de informação. O que se ouviu aqui, ou foi um silencio total, ou a então patética defesa, que aquela empresa que vive dizendo que só tem o “rabo preso” com o leitor, tentou fazer da “tucanalha” envolvida.
Sob o argumento de que recibos de operações duvidosas, realizadas no exterior pela filha de um conhecido político paulista, não provam que houve “lavagem” de dinheiro e que por isso o assunto não mereceria atenção da redação. O argumento aqui então é de que denuncias sem provas não merecem a atenção da redação. De pleno acordo, estranho apenas que a mesma postura não seja adotada quando a denuncia é contra o outro lado.
Outro fato intrigante ocorreu no dia 18 de dezembro, no programa Manhattan Conection da Globo News: Ricardo Amorim discorria, respondendo a pergunta do âncora Lucas Mendes, sobre os resultados da invasão americana ao Iraque e dizia que o número de vidas perdidas no conflito – 4500 soldados americanos e mais de 100000 iraquianos – havia sido um preço muito alto para um resultado tão pífio, e repentinamente foi interrompido por Diogo Mainardi que, alem da má educação, pois interrompeu sem pedir licença a quem estava com palavra, fez uma defesa ridícula da ação americana tentando argumentar que seu interlocutor escondia que entre a posse de Busch e a invasão americana houve o onze de setembro, como se o onze de setembro tivesse causado a invasão. E não foi só. Outro participante do programa, Caio Blinder, também se apressou em defender os americanos, tentando minimizar as conseqüências da tragédia iraquiana afirmando que as mortes dos iraquianos não eram responsabilidade dos americanos, mas dos próprios iraquianos que se mataram entre si.
E o estranho aqui é que Ricardo Amorim só estava relatando os fatos sem expressar nenhum juízo de valor sobre a invasão, e só porque os fatos eram eticamente desfavoráveis aos americanos os dois “lacaios” se apressaram em defender seus patrões. Sim, porque eu não acredito que foi por achar que a causa da invasão era justa que eles fizeram papel tão ridículo no programa. Eles tinham que justificar seus salários. Ou então alguém, por favor, me explique de onde o Seu Mainardi tira o seu sustento. Não pode ser das asneiras que escrevia antes ou das bobagens que fala agora, porque se fosse, certamente morreria de fome.
Antigamente, os comunistas do Brasil eram acusados de traidores da pátria por supostamente receberem um tal de “ouro de Moscou”, e isso nunca foi provado. Muitas barbaridades foram cometidas baseadas nesse “argumento”: prendeu-se, torturou-se, matou-se, exilou-se, caçou-se direitos políticos e impediu-se a livre manifestação das idéias, enfim, impediu-se o desenvolvimento da democracia. Entretanto, aqueles que acusavam ontem, estão sob suspeita hoje e não querem que seus “mal feitos” sejam investigados. Contam para tal com a cumplicidade da mídia, que ignoram as denuncias contidas e documentadas no livro do Amaury Ribeiro Jr., ou então tentam defender os acusados porque pensam que estão acima da lei. Afinal, quando vão investigar os recebedores do “ouro de Washington”?

sábado, 18 de junho de 2011

O ENIGMA DA INFLAÇÃO

O ENIGMA DA INFLAÇÃO.
O que é inflação?
Muito embora para os trabalhadores a inflação seja um enigma, ela têm algumas definições. Para o Minidicionário Aurélio, inflação é o aumento geral de preços com a conseqüente desvalorização do dinheiro. Mas para David Ricardo , economista britânico considerado por muitos como o pai da economia política clássica , inflação é o aumento dos preços de mercado .
Duas definições semelhantes que comporta uma diferença: a primeira , fala de aumento de todos os preços e , a segunda , de aumento nos preços de mercado . A definição de Ricardo nos leva à conclusão de que há outros preços além dos de mercado. E, de fato, examinando a obra de Ricardo PRINCÍPIOS DE ECONOMIA POLÍTICA E TRIBUTAÇÃO encontramos o capítulo IV intitulado Sobre o Preço Natural e o de Mercado
Aqui, Ricardo define o preço natural como a quantidade de trabalho necessária para produzir uma mercadoria. E nos informa que o preço de mercado, por conta de algum acidente, está sempre acima do preço natural, embora sua tendência seja igualarem-se com o tempo , mas que isso nunca acontece . O que me leva a concluir que a inflação é a diferença entre o preço natural e o de mercado, E que, portanto, é o preço de mercado que determina o lucro do capitalista.
Mas o que é o lucro ?
Proudhon definia o lucro como sendo um roubo! O que os economistas da época achavam um exagero, Porém, segundo Paul Singer, “Ricardo definia o lucro como um resíduo, uma sobra que ficava com o capitalista depois que este pagava a renda da terra ao proprietário da terra e o salário do trabalhador. Isso ocorre porque o produto , cujo valor é determinado pela quantidade de trabalho que custou , é apropriada pelo capitalista ...” Já Ladislau Dowbor , define o lucro como trabalho não pago pelo capitalista . Essas definições, parecem-me apenas uma maneira civilizada e elegante de dizer que o lucro é um roubo.
Como se dá então esse roubo?
Karl Marx, em sua obra O CAPITAL, explica que “a força de trabalho tem a particularidade de poder produzir mais valor do que o necessário para a sua reprodução . Mas o capitalista só paga ao trabalhador o mínimo necessário para este manter-se vivo e produzindo , ficando o capitalista com a sobra do que foi produzido”. Ou seja, o capitalista só paga uma parte mínima do que o trabalhador produziu . Eis aí, pois, a origem do lucro, definido por Proudhon como um roubo. Parece-me que ele tem razão. O que leva à conclusão de que o lucro do capitalista é a própria inflação.
Se o preço natural é quantidade de trabalho necessário para produzir uma mercadoria. E se o preço de mercado de mercado nunca cumpre sua tendência natural: igualar-se com o preço natural, concluí-se que o preço de mercado nunca cumpre sua tendência natural porque se cumprir o capitalista não terá seu lucro. O que leva a uma conclusão mais surpreendente ainda: que o lucro não é tão natural como apregoam os capitalistas e seus defensores: banqueiros, grandes comerciantes, economistas muito bem pagos e a “grande mídia”.
Abordo esse tema agora porque assisto, não sem surpresa, a uma violenta campanha da “grande mídia”, patrocinada pelos capitalistas, contra os salários dos trabalhadores. Tudo isso; porque está previsto para o começo de 2012 um aumento de 13% a 14% no salário mínimo . Essa campanha combina o terror que aqueles economistas muito bem pagos espalham através da “grande mídia”, com a remarcação descarada de produtos, que em alguns casos chegam a alcançar 13 ou 14% de aumento , o mesmo índice de aumento previsto para o salário mínimo em janeiro! E esses economistas justificam essa aberração dizendo que isso está ocorrendo porque o governo indexou o salário mínimo à inflação, e que as categorias que terão reajustes no segundo semestre não poderão ter aumentos reais, se não a inflação explode!
O mais engraçado, se não fosse trágico , é que os capitalistas indexam seus preços ao salário mínimo já agora , e quando ocorrer o reajuste do mínimo em janeiro , eles aumentarão seus preços de novo. Comportando-se assim, ainda têm a “cara de pau” de criticar a indexação do salário mínimo . Pior ainda, falam em descontrole da inflação , quando em realidade , ela começa a dar sinais de queda: nos últimos doze meses ela chegou 6,55%, mas a partir de abril ela iniciou um leve movimento de queda que se manteve em maio , isto é , em um ano a inflação subiu , mas no mês ela começa a cair . Porém, isso não é informado, e, mesmo a taxa apurada nos último doze meses , não justifica 13% de aumento nos preços .
Mas o que pretendem os capitalistas e seus economistas muito bem pagos com esse terrorismo injustificado?
Num primeiro momento visam os salários, mas eles têm pretensões muito maiores: acabar com nossos direitos trabalhistas para aumentar seus lucros que já são enormes . Alguém poderia argumentar que o preço de mercado está se aproximando perigosamente do preço natural e que isso colocaria o sistema em risco, Só que esse argumento não se sustenta, porque além de a remarcação de preços estar correndo solta, os juros pagos pelo governo, um dos maiores do mundo , garantem os lucros dos capitalistas e , portanto, esse risco não existe .
Outro argumento apresentado, este de forma mais clara, é que a folha de pagamento tem que ser desonerada para enfrentar a concorrência internacional. Enfrentar a concorrência internacional atacando os salários cara pálida? A grande verdade é que eles querem mesmo é aumentar o produto do roubo chantageando-nos: se não aceitarmos isso as empresas fecham e ficaremos sem emprego. E, se acaso, reclamarmos do roubo, do terror e da chantagem do capitalista, seremos nós os criminosos , seremos taxados de agitadores fora da lei pela “grande mídia” patrocinada pelos capitalistas .
E nós, trabalhadores, verdadeiros alvos desses ataques, como reagimos?
Isolados em nosso local de trabalho, tendo acesso às informações somente através da “grande mídia”, somos “teleguiados” e não percebemos que é nossa vida que está sendo resolvida nesses ataques. Pensamos que o governo é que será derrotado, e achando que não é conosco ficamos olhando como é que está para ver como é que fica, e qualquer contra - tempo, tentamos resolver na próxima eleição. Como não conseguimos decifrar o enigma dessa esfinge chamada inflação, de tempos em tempos somos devorados por ela. Acreditando nas ilusões que a “grande mídia” nos vende, pensamos poder voar e quando menos esperamos, somos abatidos em pleno “vôo”. Economia bombando, emprego crescendo, crédito fácil, vamos às compras, parece um sonho! De repente, sem prévio aviso, crise, desemprego, dívidas! Como pagá-las? Desorientados, arruinados, sem ter a quem recorrer, só nos resta o desespero e a espera por um milagre.
E os nossos “representantes”, os “companheiros” sindicalistas, como reagem?
Esses, salvo raríssimas e honrosas exceções, vivem outra realidade. Não compartilham mais com a gente as mesmas preocupações. Seus empregos estão garantidos. Suas dívidas não correm nenhum risco de não serem pagas. Andam em carrões do ano e exibem seus celulares de última geração. Só viajam de primeira classe e quando vão nos representar, não o fazem de maneira satisfatória. A alguns anos, um grupo de sindicalistas foi à Alemanha negociar na matriz umas reivindicações para os trabalhadores da filial brasileira. Voltaram sem nada para estes, mas foram flagrados por algumas câmeras indiscretas desfrutando as delícias que a badalada noite alemã oferece a quem pode pagar. Vieram de mãos abanando, mas divertiram-se à bessa.
Recentemente, trabalhadores da construção civil, que trabalham na construção de usinas hidroelétricas no Rio Madeira, no norte do país, entraram em greve reivindicando aumento de salário e condições dignas de trabalho: alimentação decente, alojamento limpo, tratamento respeitoso por parte dos feitores, etc. Como não houve acordo, a CUT mandou um representante para negociar. Este, chegou lá como se fosse um feitor da obra, e foi logo ordenando: “Voltem ao trabalho que eu quero ver essa usina funcionando, e vocês não têm do que reclamar”. Pode uma coisa dessas?
Em 12 de maio, Artur Henrique, presidente da CUT nacional, publicou no jornal carioca O Globo, um artigo intitulado Salário não é vilão. O texto tenta fazer uma defesa dos salários. Mas ao reivindicar que outros fatores que causam inflação, como o lucro, também sejam mostrados pela “grande mídia”, ele admite uma certa vilania dos salários. Quando afirma que o lucro causa inflação, deixa de denunciar que o lucro é a inflação, e suas palavras parecem mais um pedido para que os capitalistas se contentem com um lucro menor, do que um verdadeiro chamado aos trabalhadores para a luta! E o artigo, aparentemente combativo, soa mais como bravata do que como real convicção. É por essas e por outras que não confiamos mais nesses “representantes”.
Mas isso tem que mudar. E os exemplos chegam de todo lugar: do mundo árabe, com suas revoltas sem lideranças. Da Europa, onde os trabalhadores não aceitam o aperto promovido pelos capitalistas, e ocupam as praças e até o Parlamento, como em Barcelona. Até mesmo aqui do Brasil, onde os trabalhadores do norte e nordeste rebelaram-se contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho a que eram submetidos.
Mas, apesar dessas boas noticias, é preciso prestar atenção na “grande mídia” e naqueles economistas muito bem pagos, que quando falam parecem funcionários do Departamento de Estado norte-americano. Para assim, não nos iludirmos mais com as “fantasias” que tentam nos vender, nem nos apavorarmos com seu terrorismo e muito menos, nos intimidarmos com suas ameaças. Além disso,prestar atenção nesses que dizem nos representar, que só nos chamam de companheiros, mas que parecem mesmo é companheiros dos capitalistas. Decifrar esse enigma todo deve ser a nossa palavra de ordem!