domingo, 10 de janeiro de 2010

Viva o Zé do Caroço !

VIVA O ZÉ DO CAROÇO!

Quem conhece o Zé do Caroço?
Aquele do samba, de Leci Brandão, acho que todo mundo conhece. Pois é dele mesmo que estou falando. Personagem real, que, utilizando um serviço de auto-falante, presta um grande serviço de utilidade pública à sua comunidade no Rio de Janeiro.
Imagine agora se Zé do Caroço morasse em São Paulo. Não haveria esse serviço prestado por Zé do Caroço, nem o belíssimo samba de Leci, pois por esses lados , as emissoras comerciais, com destaque para a Radio Bandeirantes, promovem uma perseguição sem tréguas às rádios comunitárias, que eles chamam de “rádios piratas”. Alegam que as chamadas “rádios piratas”são ilegais, e que ocupam a freqüência dos rádios dos aviões colocando-os em risco. O que pode ser verdadeiro, mas o que elas não contam é que, por pressão das emissoras comerciais, a política de concessão do governo inviabiliza a legalização das rádios comunitárias e,conseqüentemente, a segurança dos vôos.
Mas, as emissoras comerciais não estão preocupadas com a segurança dos aviões, pois se estivessem, não pressionariam tanto o governo para ditar regras que inviabilizam a concessão de freqüências para as emissoras comunitárias. Com regras viáveis, as emissoras comunitárias teriam suas freqüências garantidas e não precisariam “invadir”a freqüência dos aviões. As emissoras comerciais estão preocupadas, de fato, é com seus interesses. Querem é garantir suas posições, não aceitam novos concorrentes. Defendem a livre concorrência, mas só para os grupos já existentes, ou então para grupos milionários ou estrangeiros Um interesse importante, que talvez só perca para o interesse financeiro, é o do monopólio da informação, porque este monopólio, facilita o controle sobre a opinião pública, já que com isto passam a informação do jeito que lhes interessa. E não adianta mudar da Bandeirantes para a CBN, da CBN para a Eldorado,
da Eldorado para a Jovem Pan, que a informação esta lá do mesmo jeito, e não dá para saber porque, sem invadir nenhum território, não estar envolvido em nenhuma guerra, Hugo Chávez é considerado de guerra, e Barack Obama, estando envolvido em todas as guerras e invasões do Globo terrestre, é considerado de paz!
Porém, esse pecado não é exclusividade das emissoras comerciais. Pode-se afirmar que toda “grande mídia” padece desse defeito. O que está dito acima, vale para toda a “grande mídia”: rádio, jornal, revista, televisão.
No final do ano passado, foi realizada a primeira Conferência de Comunicação em Brasília, com a participação da “Grande Mídia” e de amplos setores da chamada sociedade civil: entidades populares representando a luta pela viabilidade das rádios comunitárias, o Poder Legislativo, o Poder Executivo, enfim, um grande número de interessados no tema. Mas, a “Grande Mídia” só deu destaque às suas posições. Tudo que era do interesse das entidades populares, ou foi ignorado, ou foi bombardeado pela “Grande Mídia”. Parece que houve debate, mas só a TV Senado deu uma cobertura mais abrangente, pois na última semana do ano fez várias entrevistas com alguns participantes do evento. Entretanto, o pouco que a “Grande Mídia” divulgou é suficiente para perceber suas intenções: inviabilizar qualquer proposta para democratizar as comunicações, regulamentar e controlar os conteúdos da Internet e outras. A Folha de São Paulo, por exemplo, quer cobrar os internautas que utilizam o conteúdo de sua mídia impressa – o jornal – porque paga os jornalistas. Parece razoável, não fosse o fato que quando compro o jornal na banca, já paguei pelo seu conteúdo, que, a partir daquele instante, passa a ser meu também. A ironia é que a Folha, assim como a “Grande Mídia”, fazem o maior barulho acusando a outra parte de antidemocrática, inimiga da liberdade de expressão etc. Mas o que se vê é os “democratas” rasgarem os princípios da democracia e da liberdade de expressão, querendo impedir, a exemplo do que ocorre em alguns países muito criticados pela “Grande Mídia”, o funcionamento livre da Internet e de outras formas mais baratas e acessíveis de comunicação.
Estão defendendo seus interesses dirá alguém. È verdade, mas quando defendem seus interesses, negam os meus, pois se é verdade que quero ser informado do que se passa no mundo, também quero ser informado do que se passa em meu bairro. Se quero conhecer a cultura cosmopolita, também quero conhecer a cultura de minha região, a autêntica cultura produzida pelas periferias. Quero ouvir samba e outros gêneros com os artistas consagrados, mas quero ouvir também o hep do”Trilha Sonora do Gueto”e outros que são desconhecidos da “Grande Mídia”. Mas a “Grande Mídia só quer é conduzir a opinião pública, formar a opinião da “sociedade”.Aqueles que querem colocar um contra ponto, que querem fazer um debate honesto, são ignorados, varridos da “arena” das idéias. E a “Grande Mídia” ainda tem a cara de pau de reclamar que não há debate na sociedade. Ter debate como, se eles interditaram o debate afastando quem pensa diferente no conteúdo, mas não na forma! Se o porta-voz da “Grande Mídia”,Boris Casoy, acha absurdo dois lixeiros cumprimentarem os jornalistas da Band do alto de suas vassouras, imagine o que ele pensa da periferia ter suas próprias rádios comunitárias.
Por isso,faço um pedido àqueles que lutam por democracia nas comunicações, que não se entreguem, continuem na luta , pois ela é muito importante.Não vamos deixar Zé do Caroço sozinho. E aos artistas da periferia, sigam o exemplo de leci Brandão, homenageiem esses heróis da resistência, faça-os conhecidos como Zé do Caroço!


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2 comentários:

  1. Super Mário: A lógica da mídia é midieval, é a do latifúndio sucessor do feudo. Para os donos da terra, tudo, para o que está sobre ela, planta, gente ou bicho, arreio, chicote e jagunço. Uma das principais questões da democracia é o nó górdio do latifúndio midiático. Os EUA enviam primeiro suas mídias e respectivos conteúdos, depois os porta-aviões e aviões, depois os tanques, depois o governante fantoche, quase sempre nessa ordem.

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